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domingo, 21 de abril de 2013

História de "Bóia" boa - Vaca atolada...

Os mineiros dizem que a invenção é deles. Até pode ser, mas eu já comia no interior do Rio Grande do Sul na Cidade de Ijuí na minha infância e aí vão algumas décadas. Mau pai, exímio cozinheiro de comidas campeiras, fazia no capricho. Não lembro que nome dava e se é que tinha nome. Mas como não gosto de Xenofobia, tanto faz como tanto fez como diria minha mãe. Com mandioca aqui no sul, se faz quase tudo. Pode ser cozida junto ou só acasalar no prato. As carnes podem variar de gado até galinha ou frango, passando por porco, capincho ou ovelha. Peixe acho que não combina, sei lá, nunca tentei. Então se a carne de gado é misturada com a mandioca na panela, fica sendo vaca atolada. Se, como disse antes, se fizer o casório no prato fica carne com mandioca. As outras carnes com mandioca não têm nomes próprios e aí fica sendo: galinha com mandioca, ovelha com mandioca, porco com mandioca e capincho com mandioca, sem serem batizadas com nomes esdrúxulos.
Deixando de lado as histórias, vamos para o causo, que está escurecendo e vem chuva, então capa o gato! Em meados  da década de 1970 e até o fim da década 1980 tive um sítio de um hectare nas Águas Claras, distrito de Viamão - RS. No sítio tinha uma rocinha em que plantava de tudo inclusive mandioca, que o pessoal chamava de Aipim. Esse é outro caso de batismo em que se teima certas teorias e que merece ser destrinchado em outro escrito. Para algumas lides, levava o João, mulato bom de serviço que era irmão de criação da minha primeira sogra oficial. O combinado sempre era se esfalfar trabalhando no sábado, para curtir um bom churrasco no domingo e curtir as delícias do Sitio: caminhadas, gozar o ar puro, apreciar a natureza exuberante, comer e beber, em suma, aproveitar para revigorar o espírito para enfrentar a semana seguinte. Já na Sexta-feira quando chegamos, colhemos as mandiocas e enquanto assava uma linguiça campeira ali no borralho do fogão à lenha, ia descascando, lavando e colocando uma panelada generosa mandioca para cozinhar. Na Sexta essa foi nossa refeição: linguiça com mandioca (outro prato sem nome). sobrou uma porção que no outro dia dava para repetir no almoço.
Madrugada alta, levantamos fizemos fogo, chimarrão, umas beliscadas na linguiça com mandioca e nos pegamos nas lides. Interrompemos no hora do almoço, uma caipirinha ou melhor uma caipirona numa caneca de alumínio de um litro, umas mandiocas fritas pra comer com a linguiça. A linguiça se foi, mas a mandioca tinha quase meia panela ainda. Uma séstia breve que ninguém é de ferro e mãos-à-obra. Na tardinha paramos já cansados e com o que nos propomos fazer, completamente feito. Estava muito cansado e perguntei para o João o que faríamos para a janta. Qualquer coisa, me respondeu. Enquando iria tomar banho, coloquei uma panela de ferro pra esquentar, um pouco de azeite e cortei da ripa da chuleta que seria o nosso churrasco no outro dia, tres ripas com seus acompanhamento de carne. Da parte mais grossa, diga-se de passagem com capa de filé e tudo. A ripa maior devia pesar mais ou menos quatrocentas gramas, para terem uma idéia da quantidade de bóia que fiz. De carne deveria ter um quilo e duzentas gramas ou mais. Deixei o João cuidando da água e da panela de carne e fui tomar o dito banho. Quando voltei foi a vez do João. A carne quase no ponto: bem fritinha, cortei cebolas, tomates, temperos diversos da horta, pimentão, alho e coloquei para fazer o molho. A caipirona de praxe, chimarrão, o rádio na rádia campeira de Viamão, piquei a mandioca de maneira graúda e no instante que virei na panela, para atolar a vaca, o João já tinha voltado e me observava exclamou - estragou tudo! Fiz que não ouvi.
Feito a Vaca Atolada, me servi com o menor dos toletes de carne e com uma boa porção de atoleiro. Comecei a comer com pão e com o canto dos olhos cuidei o João. Olhou a panela, balançou a cabeça e foi para o sacrifício: pegou o tolete de carne menor e umas duas colheradas do atoleiro. Sentou-se e com a maior má-vontade levou o garfo à boca. Seu semblante mudou, iluminou-se. Comeu o resto do atoleiro, levantou-se e encheu o prato. Comeu aquela porção e foi até a panela novamente. Chegou lá lembrou-se que não estava sozinho, parou e perguntou - vai querer mais? Na minha negativa, pegou a panela e levou diretamente para a mesa. Para encurtar a conversa. Arrematou o resto do atoleiro que ficou grudada na panela, passando códoas de pão para não deixar nada. Terminamos e eu observando o feito incrível do João. Com certeza tinha ingerido, por baixo, um quilo e meio de "bóia". Ficou parado. Olhos esbugalhados. Perguntei: -estás bem? Balbuciou alguma coisa que não entendi e repeti a pergunda. Com um pouco de dificuldade falou: - acho que comi demais! Como minha horta tinha de tudo, busquei losna e fiz um chá bem forte. Enquanto esfriava, levei ele para dar uma caminhada  e com isso movimentá-lo.
Depois olhando filme na televisão, perguntei se ele havia gostado da comida. Me respondeu: Te juro que nunca comi uma comida assim na minha vida...

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Abobrinhas recheadas

Terça-Feira, dia 20.11.2012.

Visita da filhota menor e agregado(genro). Que fazer se a patroa não estava muito a fim de cozinhar. Na fruteira algumas abobrinhas de tronco. No freezer guizado de tatu moído por mim. União perfeita. Duas abobrinhas seriam suficientes para a refeição? Para quatro pessoas, dividindo-as ao meio restaria uma metade para cada um. De bom tamanho!

Coloca-se o guizado congelado mesmo na panela untado com pouco azeite. Espera-se que descongele, tempero misto (ótima invenção que poupa tempo), reforço com pasta de alho e cebola (outra ótima invenção). Tempero puxando para o excesso, já que na abobrinha não vai absolutamente nada.
Enquanto isso, tira-se tampos do lado do caule das ditas cujas. Oca-se com uma colher, retirando todas as sementes ( quando as abobrinhas são novinhas, não maduras, pode-se aproveitar o miolo com semente e tudo e refogá-la junto com o guizado).
Coloca-se em panela grande que caiba a ou as abobrinhas, com água abaixo da linha do corte da tampa.

Quarenta e cinco minutos à uma hora depois...

Voilà!
Pode-se incrementar com azeitonas sem caroço, palmito, pepino em conserva, aspargos em conserva, ou o que tiver à mão...

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Uma manhã na cozinha do Arroz soltinho...

E uma comidinha caseira, bem temperadinha, com um toque de criatividade. Ao mesmo tempo em que cozinhava para os humanos, um bom carreteiro de pelancas era feito para a cuscarada.

Vamos lá. Como minha esposa tinha reunião na empresa no sábado (13.10.2012) pela manhã, já saiu dando ordens com muito jeitinho: - E quando voltar quero comida pronta e bem gostosa! Como com as patroas a gente  só pode usar 4 letras - O B D C -, não deu para escapar e fiquei envolvido não só com o Rango do meio-dia como também o grude dos vira-latas.

O que fazer, fazer o quê? Pensa daqui, pensa dali, o almocinho para meu docinho começou pegar forma. Tem batatas? Tem batatas. Tem carne? Tem carne. Tem feijão? Pronto não. Tem arroz? Tem arroz pronto.
Salada tem? Sobrou uma salada de abobrinha italiana. Tem pepinos e cebolas cozidos já conservados anteriormente. Bueno, que dá para fazer com isso? Dá para fazer bem bonitinho para agradar o benzinho? Dá. Então mãos à grande obra!

Pica-se duas chuletas retirando-se, logicamente, os ossos. Esses vão para a panela dos cachorros junto com as pelancas compradas para esse fim e que estavam congeladas.  Antes de cozinhar fritando a carne picada, uma fritura nas batatas descascadas e cortadas de um a dois centímetros. Nos dois lados. Coloca-se as fatias e um pouco de tempero misto em cima. Vira-se e repete-se o tempero no lado já pronto. Reservam-se as batatas.
Aqui as batatas já fritas e devidamente reservadas.
Começamos a trabalhar o picadinho de carne.



Bem fritinhas com tempero misto a gosto.
Enquanto isso, as pelancas estão descongelando no panelão.


Por enquanto ainda inteiras, aos poucos as pelancas vão descongelando. Note-se que restos de legumes usados no cosimento da comida dos humanos, vem também para a panela: cascas de cebolas e batatas.


Cebola e alho bem picadinhos juntam-se à carne e deixa-se fritar até que fiquem no ponto de molho. Acrescente-se molho de tomate pronto, por que o valor do próprio tá pela hora da morte.


Uma dose generosa de molho de tomate, um pouco d'água e...


Acrescente as batatas anteriormente  reservadas... deixa-se ferver concluindo o cosimento  das  mesmas!

Enquanto isso no panelão dos au-aus picamos as pelancas para melhor distribuir entre os vários membros da comunidade. 
Bem fritinhas, acrescentamos o arroz para cães e a água farta que tape o material todo com sobras.
Desligamos a panela do prato principal e acrescentamos o adobo, para dar-lhe um sabor especial.


Sem palavras...


Cortam-se as cebolas e os pepinos e juntam-se à sobra da abobrinha cosida.
Renova-se os temperos (azeite de oliva, sal e vinagre balsâmico)


Um arroz e feijão básico mas com muito amor...

Um pouco de vinho para mim e uma cervejinha para meu amorzinho...
pois que ninguém é de ferro...


E um rico carreteiro de pelanca para meus cuscos..



Parafraseando o cara aquele da telinha: que mais posso dizer? Inté a vorta!

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Carreteiro de Capincho

Antes de mais nada, minha admissão de culpa. Sou culpado por comer um pedaço de capincho mas como bom blogueiro, não admitirei, nem sob tortura, quem me forneceu o petisco. De há muito luto pelo aproveitamento comercial de espécies nativas com o fito de PRESERVÁ-LAS. Só estão preservados, hoje, os animais domesticados, com potencial comercial e que o foram para usufruto do hominídeo chamado Homo Sapiens. Os que não foram eleitos como tal, seguem na lista ou já foram extintos. Não afrouxar, com controle, a criação dos chamados animais silvestres poderá levá-los à extinção, já que somente apadrinhados endinheirados podem e conseguem licença para criá-los. Não estou falando em caça indiscriminada, nem em caça. Mas em criação doméstica de animais. Como o foram o Cavalo, a Vaca, o Porco, a Galinha... Vejam o exemplo de outros países: Codornas, Canários, calopsitas, Periquito Australiano, Faisões, animais selvagens de outros países, eternizados no Brasil! Para mim a proibição pura e simples é o caminho mais curto para a extinção e o meio mais fácil de gerenciar um problema que pode se agigantar num futuro bem próximo.

Mas vamos ao acepipe. Assada no espeto, a paleta de capincho - capivara macho  - o porco do mato dos pampas -  restou ainda com bastante carne em sua ossada. Resultado: um delicioso e molhadinho carreteiro de capincho.

Para saber como se prepara a carne do capincho para assá-la ou fazê-la na panela, consulte o blog http://blogdobentinhochurrasqueiro.blogspot.com.

Aqui partiremos da carne já amaciada e de certa forma já temperada e cozida.

Picamos a carne pré-assada, damos mais uma fritada, adicionamos alho, cebola, tempero misto, molho de tomate (o próprio está muito caro) e como já estava um pouco forte de pimenta, dispensamos o adobo.

Duas xícaras de arroz, duas xícaras de carne picada. Quatro xícaras de água. para iniciar o cosimento. Antes do arroz todo cozido (al dente) mais uma xícara de água e e tempero verde. Refeita a fervura esperamos uns 3 minutos e desligamos.
Bom apetite, eu já comi!

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Como ler uma caixa taxonómicaCapivara
Capybara Hattiesburg Zoo (70909b-42) 2560x1600.jpg
Estado de conservação
Classificação científica
Reino:Animalia
Filo:Chordata
Classe:Mammalia
Ordem:Rodentia
Família:Caviidae
Género:Hydrochoerus
Espécie:H. hydrochaeris
Nome binomial
Hydrochoerus hydrochaeris
(Linnaeus, 1766)
Distribuição geográfica
Hydrochoerus hydrochaeris range.png
Encontrada em certas áreas das Américas do Sul e Central, próximo a rios e lagos, acapivara (Hydrochoerus hydrochaeris), também chamada de carpincho e capincho, é o maior roedor do mundo. Alimenta-se de capins e ervas. Daí, a etimologia de seu nome: "capivara" procede do termo tupi kapi'wara, que significa "comedor de capim"[1]. Já "capincho" procede do castelhano platino capincho[2]. No Rio Grande do Sul, é também conhecida por bicho-papão ou orelha.

sábado, 18 de agosto de 2012

Cozinhando pepino.

Hein? Coméquié? Cozinhar pepino? É cozinhar pepino. Para quem gosta de conserva de pepino e quer uma comida mais saudável, faz esta conserva. Aliás, pode ser de vagens, cenoura e cebolinhas(cabeça). Fica com seu tempero, não tem conservantes, vais fazer conforme tua saúde permite em relação ao sal e ao açúcar.
Mais fácil não pode ser e não poderia ser diferente pois não gosto de coisas complicadas. Aprendi com cunhada Gricelda há muito tempo. Talvez ela nem lembre.

Primeiro faça a higiene do que você vai cozinhar. Lave bem e se tiver a preocupação de deixar na água com um pouco de água sanitária, deixe. Não vai mudar o sabor.
Com relação aos pepino, passe ao contrário uma faca de mesa para tirar os "espinhos" (protuberâncias que lembram um espinho), tire também algum defeito na casca, faça cortes em cruz nas extremidades. Coloque na panela em que vais cozinhar e meça com água quanto de líquido vais precisar. Um copo, dois copos, etc.. Retire da panela escoando. Coloque na panela a metade do líquido medido de água e metade de vinagre branco. Coloque uma colherinha de açúcar cristal e uma colher rasa de sal grosso. Incremente com pimenta de seu gosto, chimichurri, adobo, ervas de que goste a seu bel prazer. Coloque para ferver sem os pepinos. Quando iniciar a fervura, colocar os mesmos. Espere trocar de cor verde vivo para verde amarronzado (cor do pepino em conserva). Desligue, deixe esfriar e já estará pronto para servir.

Com as cenouras o que muda é o descasque através de raspagem e eu costumo fazer palitos finos. Muda o tempo do cozimento. Enquanto nos pepinos e na cebola, dura de 3 a 5 minutos dependendo do tamanho dos pepinos (pode fazer com qualquer tamanho) na vagem e na cenoura, vai de 7 a 10 minutos. Só não cozinhe demais para não perder a textura. O resto segue igual.
Por enquanto tenho só foto do produto pronto. Quando tiver das etapas, colocarei.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Sardinha de Biru - atualizado com fotos!


Biru – Wikipédia, a enciclopédia livre

pt.wikipedia.org/wiki/Biru
biru (Steindachnerina brevipinna) é um peixe existente apenas na América do Sul. 

Pois bem. No mês de Julho/2012, um de nossos açudes foi esvaziado para a limpeza da área de banho. Como sempre acontece, aproveita-se para fazer a despesca. Nos dias em que foi efetuada, aproveitei que a água estava bem baixa e com uma tarrafa, pesquei os birus que não vieram nas redes de malha grande. Note-se que pesquei somente os birus. Outros peixes que vieram, em sua maioria filhotes dos peixes que alcançam tamanho maiores, voltaram para a água. O interesse era pelos birus. O pessoal não acreditava que somente os peixinhos estavam na minha mira. Também não sabem as gostosuras que podem ser feitas com eles e com todos os peixes miúdos: lambaris, carás, joaninhas, sardinhas, etc.
Dentre elas (as gostosuras), a sardinha (conserva de peixe cozida em óleo e vinagre diferente da conserva em que se dá uma fritura leve e se conserva em óleo e vinagre) fica uma delícia e modéstia à parte, melhor que as verdadeiras enlatadas! Os espinhos desmancham e pode-se comer de boca cheia.

Primeiro passo é limpá-los bem lavando-se com água de limão. Escamar, tirar as nadadeiras, os rabos e cabeça. Abri-los pelo ventre até o ânus. Retirar as vísceras e lavar bem internamente.

Em uma panela de pressão, coloque os peixinhos até um pouco mais que a metade. Cubra com óleo e vinagre da álcool ou vinho branco. Meia colher de sopa rasa de sal grosso. Feche a panela e leve ao fogo. Após começar a ferver, conte 40 minutos e desligue deixando-a tampada.
Outros temperos são bem vindos como o chimichurri, adobo, pimenta a gosto.
Usa-se como a sardinha comercial: no pão, em sanduíches, em tortas frias, em molho com massa, em pizzas, etc.
Como fica. 

Com pão 12 grãos, tomate e creme de ricota!
Estão servidos?

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Improvisando uma boia! Carne na farofa!

Há mais ou menos 23 anos, saímos - Elton, Evandro, Dodô e eu - para uma pescaria em terras do João Pedro, meu vizinho. Terras baixas de arroz vizinhando com a Lagoa do Casamento e por onde entrava, terra adentro um canal muito piscoso. Batemos com as fuças na porteira. Estava trancada e o JP não estava. O Evandro lembrou de um outro fazendeiro, mais adiante, que conhecia o seu falecido pai e o falecido pai do Elton. Carneadores os dois, conheciam todo mundo daquelas paragens pelos negócios que faziam com gado.  Demos uma tentiada e nos apresentamos o proprietário. Conseguimos a pescaria. Fomos até a orla da lagoa e ficamos acampado perto de uma base de bomba de irrigação desativada onde tinha uma reentrância que serviria de fogão e churrasqueira. Já era meio da tarde, quando o pessoal saiu para colocação das redes, espinhéis e linhas de espera. Fiquei para arrumar lenha, ajeitar o acampamento e fazer um arroz carreteiro para esperá-los por volta das nove horas da noite.
Ao perguntar o que precisava levar, no dia em que marcamos a pescaria, o Dodô ficou de levar as coisas para o carreteiro, menos a carne. A carne foi comprada por mim. Uma peça inteira de vazio da costela. Comprei também, um pacote de farinha de mandioca, duas cebolas e três tomates pois gosto de uma salada para acompanhar o carreteiro. O carreteiro gosto de fazer só com a carne/charque e o arroz. Cada um levaria a sua bebida - canha, cerveja, vinho, etc. Juntei lenha, montei um toldo improvisado, arrumei um plástico preto como base da cama e coloquei, sem arrumar as cobertas. Fiz o fogo, coloquei dois espetos-grelha, um ao lado do outro e coloquei a chaleira para aquecer a água. Peguei um lambarizeiro e pesquei alguns lambaris para isca e posicionei cinco linhas de fundo.  Pelas oito da noite, coloquei a panela no fogo e fui procurar os mantimentos para o carreteiro.  Primeiro o óleo. Revirei todo o carro, nada. Bem não me aperto, pensei. Peguei a carne e limpei-a tirando o excesso de gordura e ia colocando na panela para obter a gordura indispensável para o carreteiro. Aproveitei e já piquei a carne em uma quantidade generosa.
Procurei o arroz. Nada. Me sentei com uma purinha do lado matutando o que fazer.
Já estava iniciado o cozimento da carne. Coloquei os tomates e a cebola  picados juntos com ela para dar um gostinho. Iria fazer o guizado com um molho pra comer com pão. Ironicamente, levaram um vidrinho com pimenta e alho no vinagre, cheguei a rir quando achei. O troço ia ficar pobre mas, gostoso. Procurei o sal, não tinha. Bueno tinha sal grosso. Dissolvi num copo com água quente e fui adicionando aos poucos.
Ao fim de tudo, olhei para a panela e vi que não mataria a fome de todo mundo.
As vezes temos a solução nas mãos e não nos damos conta. Ao levar o copo de canha à boca, meus olhos passaram pelo pacote de farinha de mandioca. Eureka! Vou engrossar o pirão! Isso dito, isso feito. Fui colocando aos poucos e mexendo até que ficou molhadinho mas consistente. Provei o sal, corrigi com mais água salgada, arredei a panela para um lado e fiquei saboreando uma caipirinha. Quando escureceu liguei o Lampião para servir de orientação ao pessoal me aboletei numa cadeira e esperei.
O cheiro está bom! O grito no meio da noite e os loucos-de-fome apareceram! Ao olhar a panela tiveram uma decepção e veio uma enxurrada de questionamentos. Por que não fez o carreteiro? Que bosta é essa?
Estamos loucos de fome e não tem comida. Respondi: vocês fazem a cagada e eu que pago o pato? Cade o arroz, o sal, o óleo? Foi o que deu para fazer! O Elton, o mais glutão de todos, não vou passar fome e serviu de duas colheres somente. Eu sabia o que tinha feito e me servi normalmente. Os outros ficaram resmungando. O Elton deu a primeira garfada, arregalou os olhos pra mim e disse: Tá bom!!!! Correu a servir-se mais. Os outros se animaram e serviram-se também. Modéstia a parte, tinha ficado excelente e por pouco não foi pouca boia.